terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Prisões de papel

Porque me prendo?
Queria a liberdade das palavras...
Queria ser livre e na canção mais bela poder viajar em cada acorde
e cada cada nota extrair o mais puro dos sentimentos...
Queria me desprender de mim,
Desprender das vaidades do meu ser
que eternamente me escravizam
e me mantêm cativo em priões de papel
Prisões que expressam pouco mais do que apenas vontades, desejos...
correntes de papel que entrelaçam a alma
como se fossem inquebráveis e intransponíveis...
Porém não são!
Simplesmente se configuram como cadeias auto impostas
muros construídos de dentro para fora...
Tento beirar a perfeição inatingível...
Beiro e me aproximo do belo,
mas até o belo é efêmero frente à complexidade do ser!
Há momentos em que o belo e a perfeição se esforçam e se aproximam da minha alma protegida por armaduras de cobre, e...
embora me surpreenda e me fascine, me esquivo e fujo para não me deixar envolver totalmente....
Porque questiono o ser?
Questiono como quem busca pedras preciosas entre rochas...
Questiono o real como quem busca o sublime em meio ao comum...
Porque me prendo às palavras?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Crônicas da cidade

Sou a construção do meu ser,
Sou a volatilidade de pseudo interatividade do querer,
Me perco em propósitos e sonhos,
Me perco em planos e danos...

Sou adaptável, porém vulnerável...
Me esquivo em lembranças, frases, sentenças de vida,
Contidas em um contexto sobre o pretexto de saída,
Me esquivo em algo revogável...

Revogo o questionamento e confinamento do meu próprio ser,
Esquivo em paisagens frias, congeladas com gelos internos...
Luzes penetram lentamente, trazendo o amanhecer límpido da alma,
enquanto me deito ainda em pensamentos.

Sou a construção da sociedade que me cerca;
Sou a capacidade do pseudo modernismos...
Crônicas das cidades...

Em meio às luzes de olhos brilhantes de pessoas que desenfreadamente passam,
E passam-se as cenas;
Enquanto isso, me esquivo na solidão auto imposta do meu ser

Farley A. Miranda 
Julho de 2013.

sábado, 29 de maio de 2010

Outono Interno

Fujo da poesia insistentemente
Pois essa me faz encarar a minha alma desnuda
Denotações de percepções, canções, intenções...
Em que todos se misturam...
Porém existe um lumiar de alvorecer do lado de fora
Enquanto aqui dentro se enebrece a minha alma
Frente a escoriações escondidas entre remendos ajuntados de um mosaico que nao se completa
Porém esta me atrai sorratereamente
Da mente demente, do incessante expoente da prosa incandecente
Do lado altivo, passivel de culpas e memorias
Da caminhada em meio à selva que se ergueu, comprida...
Na cidade dos horizontes belos, de cantos alegres...
De simpaticos olhares e de ventos refrescantes
De percepções de um céu extremamente e externamente azul...
Enquanto eu, Inóspito em um ar frio de outono interno.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pós-Modernidade do ser

Vivo uma vida vazia, cheia de nada... de palavras, e mais nada...
Oculta entre sorrisos e máscaras, porém sem que eu seja notado
E sem que isso me incomode
Porque percebo que todos vivem da mesma forma que eu
E os vazios se interagem de informações fúteis e convenientes

Meu céu está pintado de cinza, que ás vezes se confunde na luz com azul,
Porém somente por causa de meras percepções

No fundo, um desejo por significância,
Talvez sobreposto àquele que realmente exista,
Mas o que existe e o que não existe se tornaram realidades construídas

De certa forma, os rostos ao meu redor são tão semelhantes...
As palavras soam tão parecidas
E de certa forma, vejo todos buscando algo diferente
Quando parece que somos todos iguais
E essa diferença possa nunca existir neste ciclo limitado de vida...

Esperança?
Dispostos internos e instâncias voláteis de um mundo de sonhos
Trazidos à realidade, ou levados à irrealidade
Não que seja exatamente a verdade, mas talvez seja somente aquela que queremos que seja


A proximidade e intimidade pode nos assustar
E revelar algo de mim demasiadamente, algo que persisto em esconder
Evito insistentemente encarar de frente as coisas, encarar a mim mesmo
E fico em estado de choque em que isso seja visto pelos outros

Meus ídolos de longe deixaram de ser reais
Se tornaram simplesmente conceituais
Construídos pelos meus próprios desejos de ser, ou desejos de não ser
Desejo de ser visto, ou de deixar de ser visto

Assim, me escondo na minha própria caverna
E contemplo o reflexo da minha própria sombra
Enquanto lá fora resplandece uma luz forte
Mas aqui dentro são trevas irremediáveis

Faço disso o meu cenário
Bem caracterizado e caracturizado, assim como meus ídolos
Assim como a interatividade cosmopolita me permite
Enquanto estou em um espetáculo intrínseco
Sobre um palco que nunca existiu
Onde o meu ser é virtual.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Efêmeros

Então vida... vivida... numa fonte interminável, que de repente se tornou apenas um riacho

Num resquício de tempo, uma nuvem que escureceu o céu

Da fonte, uma barreira entrepôs o futuro e o presente

Da mente, uma venda pairou, trazendo pensamentos confusos

Desde então existe uma batalha travada entre o real e o ideal

Dos olhos austeros, do sorriso maroto

Se fez nevoa... incertezas se colocaram entre o mundo e eu, entre o futuro e eu

Me volto então para o meu interior, o mais profundo de mim

Lágrimas ainda jorram do meu coração... inundando o profundo da alma

As minhas entranhas então se comovem

Saudades de um tempo que já se foi... mas que ainda circunda o meu ser

Do vazio da alma, um grito ecoa... dos montes, um apelo

Do dia que se fez triste em si...

Das flores que não floresceram, só sobrou um campo vazio

E o dia não amanheceu, como de costume

No intimo, um ferida que se recusa em se curar...

Ansiando por amor...

Neste intervim, o belo e profundo, se tornou efêmero e superficial

O mundo se tornou então real demais, cortante e sagaz!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Livro do desassossego - Fernando Pessoa

"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do
abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis,
porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao
que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até
mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e
canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que
me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro
dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se
não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de maio de 2009

Confissões de cabeceira

Vida arteira
Que escreve na madrugada
Dois lados de uma estrada
descem pela ladeira;
Límpido amanhecer
As vezes me passam
sem eira e nem beira
solidão -
escolha de uma chance... inteira
Quê sonido é esse? no vácuo?
Passos na madeira
Olhos pestanejando... sonhando... acordando... murmuriando:
Brincadeira!
Hoje o amor recitou uma poesia do meio da bagunceira... Hmmm
A outra face agora é sarcástica
Correndo na bicicleta debaixo do céu azul
Ontem houveram sons do mar,
disco arranhado de tanto tocar...
Confissões de cabeceira!